Peça 7: Choro de Copo Cheio
Esta é uma peça original, escrita para o modelo urbano de cavaquinho português
oitocentista/machete, afinação Ré, Si, Sol, Ré.
A partitura pode ser encontrada no LINK: PauloBastos_Mestrado_ChoroDeCopoCheioParaTese.pdf
Contexto na performance “Raizes no Ar” (segundo RoCoLo)
“Segundo RoCoLo Choro de Copo Cheio” pretende celebrar o choro, a
beleza que é um ser humano ter a capacidade de chorar, esta
capacidade do ser humano por si só é já considerada por RoCoLo um
dos maiores e mais belos mistérios, como tal, só por si seria o suficiente
para se celebrar na performance.
No entanto RoCoLo pretende exaltar nesta música especificamente o
choro de felicidade, aqueles momentos em que se sente uma felicidade
que as palavras não conseguem exprimir, um sentimento tal que é
superior ao corpo e até ao entendimento humano (superior ao copo que
molda a água e a torna visível aos olhos) e que como tal o faz
transbordar (chorar), sentir uma sensação de transvaso, como um copo
que atingiu e ultrapassou o seu limite e que por isso começa a deitar fora
a água que o “transcende”. Essas lágrimas de felicidade são a
demonstração desse limite ultrapassado dessa experimentação de algo
além do que o corpo pode conter, algo além de si próprio.
Segundo RoCoLo os pontos de choro definem os limites de um ser
humano e medem, como tal, a intensidade das experiências e
experimentação que cada um se propõe a usufruir ao longo da sua vida.
E por isso sugere que não se tenha medo de atingir os seus próprios
limites, que não hajam contenções que impeçam experimentar esses
limites que nos levam para universos além de nós, como nos
conhecemos.” ( Ref [110] )
Influências estéticas
A composição desta peça foi feita sobre metodologia e processos típicos da música erudita
(nomeadamente a utilização de motivos que passam de uma voz para outra, que ora são melodia
principal ora acompanhamento para outro motivo temático, com repetição/imitação de pequenos
gestos motívicos entre as diferentes vozes numa técnica típica do contraponto, bem como
recorrendo a modulações diversas). Acredito que por isto possa evidenciar ao ouvinte alguma
identificação com a dita música erudita. É, no entanto, como muitas das minhas peças,
influenciada de alguma forma pela forma canção.
Técnicas utilizadas
Mão direita: Técnica de polegar em movimento de vai e vem, usada de duas formas principais:
1. Tremolo: O tremolo que na viola clássica é feito com recurso a 4 dedos, é feito aqui apenas
com um dedo, o polegar, mantendo assim a articulação e técnica original do cavaquinho
modelo urbano oitocentista/machete. Neste caso específico a técnica de polegar que
desenvolvi aqui permite que se faça um baixo, acompanhamento harmónico em duas cordas e
trémulo com melodia:
Exemplo 17 : Peça “Choro de Copo Cheio”, extraído entre compassos 17 e 18
Também utilizei uma variante em que tremolo faz um pedal (servindo de acompanhamento),
sendo a parte principal a voz harmónica interior que se desenvolve como se fosse uma
melodia a duas vozes, sempre com a componente de baixo no primeiro tempo:
Exemplo 18 : Peça “Choro de Copo Cheio”, extraído do compasso 15
2. Harmónicos oitavados com acompanhamento de polegar num estilo contrapontístico:
Exemplo 19 : Peça “Choro de Copo Cheio”, extraído entre compassos 1 e 3
Interação com o público
Esta peça não tem interação com o público
Mais detalhes no Documento de Dissertação de Mestrado: PauloBastosDAP_MestradoMusicaPerformance_20180706Final.pdf