Peça 5: “Brisa”
Esta é uma peça original, escrita para o modelo urbano de cavaquinho português oitocentista/machete, afinação Ré, Si, Sol, Ré.
Contexto na performance “Raizes no Ar” (segundo RoCoLo)
“O objetivo desta peça é dar uma sensação de “Brisa Suave” ao ouvinte a mesma brisa de que fala RCcoLo (a personagem da performance Raízes no Ar) no seu artigo onde fala sobre a Brisa: “Quem és tu Afinal” e que se pode consultar no link: https://raizesnoar.com/2017/11/05/capitulo-13-quem-es-tu-afinal/ “ (Ref [110])
“Pretende-se fazer uma homenagem e chamada de atençao para o AR que envolve toda a terra, o mesmo AR que que todos respiramos, partilhamos instintivamente e que faz assim com que todos estejamos sempre conectados de uma forma física/continua uns com os outros”.
A partitura completa em PDF pode ser encontrada no Link: PauloBastos_Mestrado_Brisa8NoTab.pdf
Influências estéticas
A única influência premeditada que utilizei para a conceção desta peça foi apenas o conceito de Brisa, e a suavidade e paz que a ela eu associo. Esta sensação de paz pretende ser atingida pelo recurso a diversas notas pedais que vão sendo utilizadas apesar da mudança constante dos diferentes harpejos e pretendem assim manter uma estabilidade e continuidade pacifica ao mesmo tempo que os harpejos vão dando a sensação de “brisa de ar fresco”. A utilização do arpejo constante em toda a peça, para além de servir como elemento de exploração e desenvolvimento técnico do cavaquinho português, tem uma função de dar a dinâmica da minha visão musical da Brisa, em que uma nota é imediatamente seguida de outra dando assim sempre uma ideia de frescura e novidade melódica em harmonia e equilíbrio rítmico e melódico típico dos harpejos que utilizo.
Apesar da peça estar escrita, e ter um tempo recomendado, a sua interpretação deverá ser livre em termos de dinâmicas e variação de tempo (accelerando/ralentando) de acordo com visão do intérprete e da sua ideia individual de Brisa.
Técnicas utilizadas
Mão esquerda: são utilizadas de forma sistemática 2 técnicas muito especificas:
- Arpejo com base em acordes mais ou menos dissonantes nas 4 cordas com recurso a “ligado simples” descendente na última corda com inclusão de corda solta como última nota
Exemplo 11: Peça “Brisa”, extraído do compasso 11
- Arpejo com base em acordes com polegar em movimento ascendente, mas com última nota (mais aguda) isolada e acentuada com polegar em movimento oposto (descendente):
Exemplo 12: Peça “Brisa”, extraído entre compassos 14 e 15
- Arpejo com base em acordes terminados com “ligadoquadruplo” (ascendente e descendente) com inclusão de corda solta como última nota
Exemplo 13: Peça “Brisa”, extraído do compasso 32
Mão direita: é utilizada do início ao fim da peça sempre (exclusivamente) a técnica do polegar.
Especificamente nesta peça criei uma técnica inédita no contexto deste instrumento: é explorada, na mão direita, uma técnica de arpejo que na Guitarra Elétrica se chama de “Sweeping” (que é feita normalmente com palheta) sendo aqui desenvolvida e adaptada por mim para a técnica de polegar tipicamente utilizada no cavaquinho português modelo urbano oitocentista/machete:
Esta nova técnica pode ser observada nas três imagens já referidas em cima.
Interação com o público
A interação com o público é feita através da dança e também através da criação duma “paisagem sonora”, mediada pelo “software”. Esta música pretende criar no público uma sensação de paz, suavidade, relaxamento e ao mesmo tempo de conexão entre todos, através da celebração do mesmo AR que que todos respiramos e partilhamos instintivamente e que faz assim com que todos estejamos sempre conectados de uma forma física/continua uns com os outros. Quem optar por dançar esta música poderá fazê-lo recorrendo a coreografia de “Hanter dro” em que todos estão também ligados entre si pelo toque das mãos numa corrente humana onde se poderá sentir o calor energético que a atravessa, ligação esta que será também e ainda mais potenciada pela dimensão sonora desta peça que servirá assim com mais um elo de ligação comum a todos e que será propagado também pelo mesmo AR que todos respiramos. A “paisagem sonora” criada com o recurso ao “software” “Audience Connection” explora o som de “respirar fundo”.
Mais detalhes no Documento de Dissertação de Mestrado: PauloBastosDAP_MestradoMusicaPerformance_20180706Final.pdf